Leituras para uma ética privada de Ernest Hemingway
Palavras-chave:
devaneio, estar em casa, Ética, reconhecimento, verdadeResumo
Neste ensaio apresento uma ideia de ética enquanto processo que Ernest Hemingway propõe aprofundar nos seus livros, tornando pertinente a noção de inseparabilidade entre vida e obra ao demarcar a sua posição autoral no mundo que o rodeia. Irei assim propor que a escrita é, em Hemingway, inseparável do seu modo de se reconhecer em si mesmo. Parece existir um movimento paralelo entre a forma de o autor considerar a escrita, nomeadamente enquanto momento táctico capaz de reabilitar certos aspectos da realidade, ao presentificá-los através do refinamento desse mesmo meio, e a tecnicidade investida em algumas actividades (a caça, a pesca) que Hemingway estima. O meu argumento assenta na importância do gesto autoral enquanto modo de descrever a espécie particular de verdade que existe no momento da escrita. Ao mesmo tempo, esta verdade resulta em benefício pessoal de Hemingway, que procura “estar em casa” nas descrições que faz, não exactamente como forma de se aproximar do mundo, mas como modo de o transformar para seu prazer táctil e emotivo.
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