Labora et Invenies: Uma Perspetiva Alquímica sobre Frankenstein (1818), de Mary Shelley

Autores

  • Patrícia Passos de Sá Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

DOI:

https://doi.org/10.51427/com.est.2022.0006

Palavras-chave:

Mary Shelley, Frankenstein, o monstro de Frankenstein, criador, criatura, alquimia, sombra, luz, transmutação

Resumo

Em Frankenstein (1818), de Mary Shelley, é inegável que os ensinamentos dos mestres da alquimia foram fundamentais para a evolução de Victor Frankenstein enquanto filósofo da natureza. Contudo, apesar de os ter abandonado a favor do estudo das mais recentes teorias científicas da época, esses ensinamentos nunca escaparam do seu horizonte, permanecendo Victor refém do fascínio que o levou a querer descobrir os mistérios da Natureza e a alcançar o impossível: diluir a barreira entre a vida e a morte. Assim, no presente ensaio pretende-se analisar esta obra de Shelley à luz dos preceitos alquímicos. Estudos como os de Irving H. Buchen, “Frankenstein and the Alchemy of Creation” (1977), e de Asunción López-Varela Azcárate e Estefanía Saavedra, “The Metamorphosis of the Myth of Alquemy in the Romantic Imagination of Mary and Percy B. Shelley” (2017), já abordaram o assunto, mas a nossa perspetiva inova no sentido em que privilegia a vertente metafórica da alquimia, enquanto arte da purificação do ‘Eu’ através de um processo de transmutação que visa a união do espírito e da matéria, da luz e da sombra, num Todo. Procura-se determinar de que modo ocorre essa transmutação em Victor e na sua criatura, e se a finalidade dos alquimistas, de converter os metais, ou os vícios e as paixões terrenas, em ouro, ou virtudes, é atingida. Consequentemente, começa-se por definir o que é a alquimia; de seguida, analisa-se o seu papel na obra de Shelley; e, finalmente, averigua-se o tipo de transmutação que sucede em Frankenstein.

Biografia do Autor

  • Patrícia Passos de Sá, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

    Patrícia Sá é licenciada em Línguas, Literaturas e Culturas e, de momento, frequenta o Mestrado em Estudos Comparatistas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, encontrando-se a preparar uma dissertação sobre ecos literários de Frankenstein. Colaborou no site de poesia e crítica, Jogos Florais. É autora na antologia de contos de terror, Sangue Novo (2021) e, brevemente, terá outro conto publicado na antologia Sangue, pela Edições Trebaruna. Colabora como redatora de conteúdos no site de divulgação de terror em Portugal, Fábrica do Terror.

Referências

Anes, José Manuel. 2014. Uma Introdução ao Esoterismo Ocidental e suas Iniciações, Lisboa: Arranha-céus.

Buchen, Irving H. 1977. “Frankenstein and the Alchemy of Creation and Evolution.” The Wordsworth Circle 8 (2): 103–12. http://www.jstor.org/stable/24039234.

Burckhardt, Titus. 2001. Alquimia. Ciência do cosmos, ciência da alma. Tradução de Bruno Costa Magalhães. Louisville Kentucky: Fons Vitae.

Centeno, Yvette K. 2011. “A Gnose Alquímica.” Cadernos do CEIL. Revista Multidisciplinar de Estudos sobre o Imaginário (1): 152-171. https://research.unl.pt/ws/portalfiles/portal/3736964/Yvette_Centeno_A_gnose_alqui_mica_outrora_e_agora.pdf.

—. 1987. Literatura e Alquimia. Ensaios, Lisboa: Editorial Presença.

Chevalier, Jean, e Gheerbrant, Alain. 2010. “Alquimia.” In Dicionário dos Símbolos, tradução de Cristina Rodriguez e Artur Guerra, 56-57. Lisboa: Editorial Teorema.

Copenhaver, Brian, org. e trad. 2015. The Book of Magic. From Antiquity to the Enlightenment, UK: Penguin Books.

Ellis, Markman. 1999. “Fictions of Science in Mary Shelley’s Frankenstein.” Sydney’s Studies in English 25: 1-20. https://openjournals.library.sydney.edu.au/index.php/SSE/article/view/537.

Golbort, Robert C. 2002. “Frankenstein. (character and work).” In Encyclopedia of Literature and Science, edição de Pamela Gossin, 160. Westport & London: Greenwood Press.

Haynes, Rosalynn D. 1994. “Frankenstein and the Monster.” In From Faust to Strangelove. Representations of the Scientist in Western Literature, 92-103. Baltimore & London: The Johns Hopkins University Press.

Hindle, Maurice. 2003. Notas de Frankenstein. Or the Modern Prometheus, 266-273. Autoria de Mary Shelley. London: Penguin Books.

Jung, C. G. 1968. The Collected Works of C. G. Jung. Psychology and Alchemy, edição de Herbert Read, Michael Fordham, M.D., M.R.C.P., Gerhard Adler, Ph.D, William McGuire. Tradução de R.F.C. Hull, Bollingen Series XX. New York: Princeton University Press.

—. 1983. The Collected Works of C. G. Jung. Volume 13: Alchemical Studies, edição de Sir Herbert Read, Michael Fordham, M.D., M.R.C.P., Gerhard Adler, Ph.D, William McGuire. Tradução de R.F.C. Hull, Bollingen Series XX. New York: Princeton University Press.

López-Varela Azcárate, Asunción, e Saavedra, Estefanía. 2017. “The Metamorphosis of the Myth of Alquemy in the Romantic Imagination of Mary and Percy B. Shelley.” Icono 14. Revista Científica de Comunicación y Tecnologías emergentes 15 (1): 108-127. https://doi.org/10.7195/ri14.v15i1.1036.

Ramsay, Jay. 1999. O Caminho do Alquimista. A Arte da Transformação. Tradução de Isabel Sequeira. Mira-Sintra–Mem-Martins: Publicações Europa-América.

Shelley, Mary. 2003. Frankenstein. Or the Modern Prometheus. Edição, introdução e notas de Maurice Hindle. London: Penguin Books.

Downloads

Publicado

05-05-2022

Como Citar

«Labora Et Invenies: Uma Perspetiva Alquímica Sobre Frankenstein (1818), De Mary Shelley». 2022. Estrema: Revista Interdisciplinar De Humanidades 2 (1): 134-57. https://doi.org/10.51427/com.est.2022.0006.