Gênero, duelo e vulnerabilidade corporal: apontamentos desde duas personagens claricianas
Resumo
Em Outros Escritos (2005),Teresa Montero e Lícia Manzo reúnem textos poucos conhecidos da escritora Clarice Lispector em suas diversas facetas iniciantes. Dentre esses textos, encontramos os contos “O triunfo” e “Trecho” que, com procedimentos escriturais semelhantes, nos apresentam a narração da angústia de suas respectivas personagens, Luísa e Flora, em relação a seus amores que estão ausentes. Dessa forma, o presente artigo, com o intuito de discutir as relações de gênero a partir desses textos, parte da análise dessa angústia das personagens, entendendo-a como um duelo em relação à partida do sujeito, que dentro da alteridade do marco binário hierárquico do gênero, está colocado como “eu”. Visamos fornecer um regime discursivo que, parodicamente, coloque essas partidas como perdas de um outro que é essencial na própria constituição do gênero dessas personagens, assim como elas mesmas com relação a eles. No final, se tornará claro como o "excesso” desses duelos acaba por expor como o gênero é constituído mediante a vivência com e para o outro, onde os corpos dos viventes são e, ao mesmo tempo não são deles, estando, portanto sempre vulneráveis a explorações em nome do gênero.
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