Iris Murdoch: das sombras à luz
DOI:
https://doi.org/10.51427/com.est.2023.02.02.0004Palavras-chave:
Iris Murdoch, Atenção, The Bell, A Severed Head, LuzResumo
Neste ensaio, defendo que a imagem da luz é muito significativa na obra filosófica e literária de Iris Murdoch, e exploro as suas potencialidades, bem como as suas limitações. Estabeleço uma ligação entre dois romances de Iris Murdoch e suas ideias filosóficas, fazendo referência à sua obra filosófica como um todo. The Bell (1958) e A Severed Head (1961) representam respectivamente, na minha leitura, uma transição das sombras para a luz, sendo que o segundo romance reproduz de forma muito directa a alegoria da caverna de Platão. Nesta transição, a capacidade moral do auto-descentramento (unselfing) e da atenção particular ao indivíduo – ideias-chave do trabalho filosófico de Murdoch – são postas em causa. Ao atingir o estado de “iluminação”, alcança-se o que Murdoch entende ser o amor, um estado de verdade onde habita a bondade, e o exercício da atenção (como forma de auto-descentramento, inspirado na concepção de Simone Weil) é indispensável. Defendo que The Bell mostra a impossibilidade de alcançar esse estado, enquanto A Severed Head idealiza, pelo contrário, essa possibilidade. Ao longo do caminho iremos notar algumas ideias murdochianas sobre as relações entre arte, filosofia e moral, nomeadamente que os seus romances questionam as suas próprias ideias filosóficas, em vez de apenas ilustrá-las; a irrelevância das fronteiras entre vida externa e interna; e como o trabalho de Murdoch beneficia de algumas ideias aristotélicas, principalmente uma concepção de como aprendemos a ser virtuosos.
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